Sim, isso mesmo, depois de mais  de 1 ano sem produzir nenhum texto ou postar nada aqui no purpletrance eis que estou aqui novamente escrevendo um desabafo.

Pra começar o desabafo faço uma rápida introdução, frequento festas e festivais desde 2007 e já pude presenciar todo tipo de festa, desde aquelas mais comerciais até as mais rootzeras (sem água por exemplo ou então num local completamente sem estrutura), podendo participar de alguns pares de Universo Paralellos e festivais na Europa, conheci muito gente nessa jornada. Algumas dessas pessoas criei laços de amizade mais profundos ou então desconhecidos que em algum momento na pista trocamos ideias ou simplesmente um mero abraço.

A música eletrônica

De acordo com que o tempo passa diminuímos a intensidade e o número de festa que vamos, ficamos mais seletivos, isso é normal pois queremos frequentar lugares que realmente nos inspiram e nos agregam algo, porém admito que de uns tempos pra cá meu tesão por festas e festivais tem diminuído drasticamente, sou uma pessoa extremamente viciada em música eletrônica, fico quase 10 horas todos os dias com o fone ligado, música eletrônica compõe quase 90% das minhas playlists no Spotify e soundcloud, meu gosto é dos mais variados desde Goa da década de 90 até Techno, passando por Night, Dark, Fullon e por ai vai, sendo assim não é que meu gosto musical mudou, bem longe disso, música eletrônica faz parte da composição da minha personalidade, respiro música eletrônica.

As redes sociais

Redes sociais são relativamente novas, quando a música eletrônica e as festas entraram na minha vida a única rede social que existia era o finado orkut, era lá que combinávamos e discutíamos qual era a próxima festa, qual era o line-up ou então com qual excursão iríamos, era uma ótima ferramenta de troca de informações, com o passar dos anos as redes sociais começaram a ter uma papel mais importante nesse mundo, seja na divulgação das festas ou então na discussão de temas relacionadas a música, cultura e informação. O purpletrance.com foi criado por volta do ano de 2008, eu e Daianny sempre gostamos de compartilhar pensamentos, informação e pontos de vista sobre aquilo que realmente nos mudou de dentro para fora, no começo foi apenas uma brincadeira entre amigos, o blog foi ganhando proporções bem interessantes com nossas opiniões cruas e até ácidas em algumas vezes.

Após uma reflexão que tive constatei que um dos motivos para desanimar de festas e festivais foram as redes sociais, nos primórdios usávamos as redes sociais apenas para nos organizar e ficar por dentro do que estava rolando, com o passar do tempo as redes sociais foram ficando mais importantes em nossas vidas e toda a privacidade foi se perdendo e junto com ela as máscaras das pessoas que dividíamos a pista e a sombra da árvore, as vezes a melhor coisa é não conhecer as pessoas tão a fundo, dessa forma você fica somente com o melhor da pessoa e a pior parte não importa já que você não a conhece.

As picuinhas do trance em suas várias fases

Passei por vários momentos de “picuinha de festas”, me lembro bem da época dos guarda chuvas da Oakley, do rebolation, do sensualiza, do Low BPM, do Eletro rasgadeira, da super espiritualização e xamanismo e mais recentemente da questão das pulseiras de pano, de acordo com a importância das redes sociais em nossas vidas esses fatos foram se potencializando, cada vez mais foram ficando pesados e tóxicos, posso citar um fato que aconteceu há algum tempo atrás de uma pessoa que era muito bem vista pela galera e que todos gostavam porém mostrou sua síntese em uma publicação que objetificava as mulheres, o barraco foi armado, uns em defesa dessa pessoa, outros querendo crucifica-lo, voltando ao raciocínio acima de que as vezes é melhor não conhecer as pessoas tão a fundo, queira conhecer somente os mais próximos tão profundamente.

Em 2014 com as eleições federais no Brasil o clima ficou ainda pior, com todo o envolvimento e polarização do povo era inevitável que isso fosse levado para as redes sociais e que aqueles seus companheiros de festas e parceiros de pista tivessem pensamentos que te contradiziam e que isso fosse levado para o lado pessoal, no dia do resultado das eleições de 2014 o ambiente das redes sociais era o mais tóxico possível, pessoas que pude compartilhar meu primeiro Ozora e fiz amizades concretas destilavam comentários xenófobos e doentios, pessoas que eu tinha muita admiração tiraram suas máscaras e mostraram sua verdadeira personalidade e visão de mundo, eu não queria conhecer esse lado delas, eu preferia o romantismo e a visão utópica que tinha delas. Uma das piores coisas é quando você encontra uma pessoa na festa e lembra daquela publicação carregada de ódio que fez há alguns dias atrás.

facebook-drug

Para finalizar o raciocínio deixo a reflexão de que a rede social é um ambiente muito importante para troca de informações e socialização, porém é um ambiente extremamente nocivo e tóxico, você pode mudar sua visão sobre inúmeros assuntos, algumas “picuinhas do trance” nem existiriam se a rede social não fosse tão levada a sério, pessoas que você tinha admiração ainda seriam admiradas se não mostrassem sua verdadeira face, enfim, torço para que um dia isso passe e que a frase abaixo seja levada a sério.

“MAKE THE RAVES GREAT AGAIN”

ps. chega a ser estranho eu falando que redes sociais são tóxicas e nocivas e compartilhando esse post na bendita rede social né, mas como citei acima, redes sociais são para se manter atualizado mas seu uso moderado é fortemente indicado.