*Texto feito pelo nosso amigo e colaborador Ricky Engelman

Para quem ainda não se acostumou com o Universo Paralello acontecendo apenas a cada dois anos, uma ótima opção para continuar passando as viradas de ano na Bahia é o Terra em Transe Festival, que acaba de realizar sua segunda edição na Praia do Garcez, no município de Jaguaripe.
É um festival bem menor, mais aconchegante e mais roots, focado mesmo no trance e vertentes. Portanto nada de club stage, shows de rap, prog offbeat, etc (seja isso positivo ou negativo pra você, afinal, gosto é gosto…).

Terra em transe

A pista principal estava linda e a vista para o mar/rio proporcionava uma experiência incrível de ver o sol nascer.

A decoração estava realmente impecável tanto de dia quanto de noite, quando era valorizada pelas luzes.
O mesmo vale para o Chillout: decoração de respeito e muita sombra! Para quem sofreu com o “Chillas” do último UP, esse realmente estava um luxo. Perfeito para recarregar as energias.
Vale destacar alguns projetos como Matibrahma, que abriu a festa e tocou antes da Virada um trance étnico/tribal de muita qualidade, a dobradinha Hutti Heita / Loke, trazendo os sons da floresta da Noruega para a Bahia, os lives de EVP e Reality Grid, assim como o Goa clássico de Anoebis, que além de tocar muito é uma figura muito carismática, sempre curtindo na pista quando não estava tocando! Não podemos esquecer também do night de Southwild e do clássico duo Rastaliens, que teve a honra de tocar na virada. Não tem como ignorar nossos artistas nacionais também, como Via Axis, que representará merecidamente o Brasil no Ozora Festival esse ano, Psychowave e ótimos DJ sets de todos os estilos como Humildes, Kratom, Fabio Leal e os meninos da região de Campinas, Guiners, Junka e Antibs representando no High-tech.

O camping tinha muita sombra, tanto de manhã quanto a tarde. Assim, dava pra dormir um pouco mais de manhã ou descansar perto da barraca de tarde. Aliás, sombra não faltou no Terra em Transe.

A pista tinha grande área coberta por tendas, o chillout ficava em uma espécie de bosque e havia outras tendas espalhadas pela festa, como no espaço Cultura, que ficava perto da pista e do rio. Enquanto no UP passado, passávamos o dia correndo atrás de sombra, aqui dava pra ficar tranquilo num mesmo lugar curtindo a brisa do mar, que chegava em todos os lugares. O calor da Bahia não incomodou dessa vez.
Foi uma bela celebração, mas como quase nada é 100% perfeito, teve também alguns aspectos que precisam ser melhorados. Houve um atraso de duas horas para abrir a portaria, o que é comum, mas deixou o clima bem tenso já que muitas pessoas haviam chegado na tarde ou noite anterior e já estavam na fila a horas sob o sol quente e sem muitas informações sobre o que estava acontecendo.

Um ponto no mínimo estranho e também “engraçado” foram os seguranças. Homens vestidos de preto com desenho de caveira e armas na camisa e frase do Bope escrita: “missão dada missão cumprida”. Eram homens que as vezes estavam armados com pistolas, facas e até uma ESCOPETA, acredite se quiser.  Não vejo esse cenário mudando enquanto os organizadores não investirem em empresas profissionais invés de pagar uns trocados por dia para o povo local.
Não vou dizer que faltaram banheiros (porque não tinha filas), mas havia somente dois pontos (na pista e nos chuveiros), ou seja, era preciso andar muito para encontrar um banheiro, que estava sempre imundo.  Os chuveiros as vezes não tinham água em momentos, mas deu pra tomar banho todo dia de boa. A praça de alimentação estava com preços muito mais caros que o comum e qualidade dos alimentos muito inferior ao que estamos acostumados.

Também achei muito chato colocarem o finlandês Frosty Fennic pra tocar as 5 da manhã, que é um horário ingrato num festival de vários dias. Não é como se tivesse milhões de artistas internacionais e não tinha um horário melhor. Poderiam ter colocado ele mais tarde.
Um desrespeito com quem queria ver o projeto e com o próprio artista, na minha humilde opinião, mas enfim. Sonzeira!
No geral, um belo festival, que tem muito potencial para ser um digno festival de trance underground.