Confira entrevista feita pelo site allthepeople ao produtor brasileiro Rafael Corrales, uma das revelações do psytrance que vem conquistando cada vez mais espaço na cena psicodélica no mundo todo, Via Axis lançou em 2011 o álbum Expressions Of One pela Ovnimoon Records.

O que significa o nome Via Axis?

Rafael Corrales:Via Axis é o caminho da música. É por onde ela te acerta, em algum lugar profundo, no seu eixo. Axis (eixo) simboliza conexão, movimento e transformação.

allthepeople: Expressions of One pra mim representa uma psicodelia sofisticada, que eu encontrava mais forte em artistas gringo, como Electrypnose e Ocelot, por exemplo. Até nesse despojamento em passear por outros estilos. Mas, acima de tudo, numa época em que as produções musicais nesse meio ficaram muito monótonas e que ainda sofreu com um êxodo de artistas pra várias outras vertentes da música eletrônica, mais “pop”. Você retoma isso e emite um chamado atômico, muito forte, eu diria. É impossível não ouvir o seu álbum e não ser transportado pra dimensões surrealistas. É tudo muito vivo. Como foi o processo de produção desse álbum? Tempo, influências e finalização?

Rafael Corrales: Obrigado pelas palavras! Em 2009 as primeiras músicas do Expressions of One começaram a ficar prontas. As faixas estavam seguindo certa identidade e rolou a proposta do álbum. Uma das coisas que eu mais gosto no psytrance é a possibilidade de criar sensações e sentimentos não usuais ou extraterrenos. O álbum foi guiado por essa ideia e teve influência de artistas como Electrypnose, Braincell, Logic Bomb, além da inspiração no goa trance e outros estilos mais obscuros.

allthepeople: Sempre me pergunto sobre o que fica de fora de um álbum como o seu. Muitas experimentações são feitas no processo de produção. Deve ser difícil escolher o que fica e o que sai.

Rafael Corrales: Quase tudo que fechei durante a produção entrou para o álbum. Muitos projetos foram iniciados e deixados de lado. Alguns eu retomei e finalizei, mas geralmente prefiro trabalhar com ideias novas. Quanto às músicas já prontas, eu toco versões diferentes no live, incluindo remixes.

via axis

allthepeople: Das dificuldades e prazeres de ser produtor de psychedelic trance no Brasil? Qual sua visão?

Rafael Corrales: Entre os prazeres eu diria a receptividade e alegria do público e os festivais em lugares paradisíacos. Por outro lado, o preconceito sobre a música eletrônica, a falta de profissionalismo na cena e a desvalorização dos artistas dificulta o trabalho. É complicado trabalhar com arte, eu tento não me envolver tanto com as circunstâncias para não perder de vista a mensagem que quero transmitir. Alcançar as pessoas é o que me faz feliz.

Esta trabalhando em alguma coisa nova? O que podemos esperar pro futuro?

Rafael Corrales: Meu som está mais maduro, original e um pouco mais rápido. Já tenho algumas ideias para o segundo álbum e estou trabalhando em algumas parcerias, incluindo um projeto paralelo de chill out com Catan Cotie.

allthepeople: Como foi tocar nos festivais gringos como o Boom Festival esse ano?

Rafael Corrales: Estive no Boom em 2010 mas apenas para prestigiar. Fazer parte dessa edição me apresentando foi algo que ainda acho difícil colocar em palavras. Pegar a pista escura e acompanhar o amanhecer foi mágico. O feedback do público foi incrível, senti a pista realmente conectada. Foi mais que gratificante e inspirador. Antes do Boom me apresentei no Antaris Project, na Alemanha. Lá o público era mais velho (e mais freak) e não faltavam sorrisos na pista. Toquei também em uma festa pequena no norte da Itália.

allthepeople: Num universo paralelo, não o festival, universo mesmo. O Via Axis esta lá tocando e o Rafael no dancefloor curtindo. O que o som diz? Aproveitando, o que o Rafael ouve (dentro ou fora da festa)?

Rafael Corrales: [risos]. A música faz propaganda enganosa de um universo unificado onde não existe a dualidade. Viagens a parte… No trance, Ianuaria, Archaic e Yudhisthira são alguns artistas que tem me chamado atenção. Eu gosto de ouvir música boa em qualquer estilo. Ouço muito downtempo, electronica, ambient e coisas voltadas ao techno. E ando meio viciado em música brasileira.

allthepeople: Por fim. Mais uma vez obrigado.

Rafael Corrales: Eu que agradeço! E um feliz fim de mundo!

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Publicação original no link http://www.allthepeople.com.br/destaque/via-axis-entrevista/