Nascido há 48 anos em São Francisco, Califórnia, Goa Gil é úm dos responsáveis pelo nascimento do trance psicadélico nas praias de Goa em meados dos anos 80. Nos seus tempos de juventude integrou o movimento “hippie” Haight Hashbury e quando completou 18 anos deixou a cidade natal e partiu para a Índia, como membro do movimento que no final dos anos 60 levou milhares de hippies desencantados aos ambientes exóticos da antiga colónia portuguesa.

“No Verão de 69, Nixon era Presidente e Reagan acabara de tornar-se governador da Califórnia. A magia de S. Francisco tornara-se opressiva. Alguns decidiram fundar comunas no campo e outros acabaram por ficar nas cidades, a maior parte dos quais conformados que acabariam depois por tornar-se ‘yuppies’. Os restantes, onde eu me incluo, partiram para a Índia numa viagem espiritual.” O destino era Goa, e pelo meio Goa Gil ainda arranjou tempo para aprender ioga com gurus nos Himalaias e buscar o “karma” pela meditação. Chegado à Índia este antigo guitarrista e poeta amante da “beat generation” começou por exportar o rock – “existiam cinco bandas rock na India naquela altura e eu tocava em três delas” – para só depois descobrir na música electrónica o seu passaporte para os céus.

No final dos anos 70, comecei a ouvir a primeira música de dança e encontrei aí a combinação perfeita entre ritmos tribais do passado e sons futuristas, sintetizados, quase alienígenas. A música tornou-se um ciclo completo, do tribalismo ao cibertribalismo, o que traduz de forma perfeita os tempos de agora.” Goa Gil e considerado o buda dos ambientes lisérgicos e das viagens pelos confins químicos da mente e do espírito, capaz de transformar as festas onde actua em verdadeiros rituais cerimoniais a que ninguém é indiferente. Ou, tomando à letra o “slogan” mais conhecido, “redifinindo o ritual tribal da dança para o século XXI”.

“Quando actuo, toda a música e a comunhão que dela deriva deve elevar-se ao espírito cósmico A musa divina deve descer à festa e abençoar-nos a todos, Isto foi o que os antigos xamãs e os demais grupos tribais de todo o mundo fizeram em tempos remotos. Eu limito-me a actualizá-lo.”