De alguns anos para cá a Finlândia se tornou a grande meca em termos de inovação da música psicodélica trance. Experimentação de timbres, misturas absurdamente enlouquecidas de gêneros e sonoridades; tudo originado ali foge do comum. Constantemente o Suomi (também chamado de Freeform e Suomisaundi) é citado como o “punk trance”, o mais anárquico de todos os estilos do gênero exatamente por bagunçar e reformular a seu bel prazer o trance psicodélico.

Cada vez mais nos festivais de música ao redor do globo o público sente a presença desse novo fôlego, principalmente com a merecida retomada da uma de suas maiores influências: o divino Goa Trance. A internet foi a maior aliada na disseminação dessa sonoridade especial, incluindo no mapa figuras como Tekniset (parceria entre Huopatossu Mononen e Rick Timebees), The Sebastians, Huopatossu Mononen, Pavel Svimba, Saiko Disco, Salakavala e o sensacional Texas Faggott (que inclusive já se apresentou no Brasil). Se o Full On tem o clichê constante dos samples com temática alienígena, documentários e palestras sobre misticismo e experimentação de LSD, não espere isso no Suomi. Qualquer coisa pode ser tema, inclusive vídeo-games, sexo e deboches dos mais variados. Não há limite.

As capas dos álbuns, coletâneas e as identidades visuais de divulgação desses artistas são um espetáculo à parte. Olha só algumas delas:

No meio de toda essa liberdade e dessenso surge uma figura que desde 2003 suporta e ajuda essa cena a crescer em sua terra natal, a Bélgica. Levi Morrens é Ain Soph, que significa “o Todo-Supremo” nos ensinamentos da Cabala. Começou em 2004 o coletivo Materia Prima que realizou diversas festas até 2006 quando passou a integrar a Pandemonium. Atualmente faz parte dos selos Trancebum e Freakdance Records.

No Soundcloud você pode escutar bastante material dele gravado em extensos sets de mais de uma hora, porém um em especial chama bastante a atenção: “Road to Aarnivalkea”. São 2 horas de uma maravilhosa e intensa viagem na proposta do Suomisaundi. De cara você percebe que “não está mais em Kansas” e a terra dos sombreiros Oakley e vodka com água de coco está cada vez mais distante. O desfecho do set é de fazer chorar de tão melódico, único e empolgante.

Se permita experimentar, quebre paradigmas e imposições: o movimento nasceu com essa mentalidade. O Suomi Trance é esperança, inovação escancarada na música eletrônica psicodélica e isso é excelente.