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Hoje dia 9 de novembro de 2009 se comemora 20 anos da queda do muro que dividia a Alemanha em dois países diferentes, a Alemanha oriental(comunista) e a Alemanha ocidental(capitalista) que durou 28 anos, mas espera ai o que isso tem a ver com raves, cultura trance ou mesmo nosso blog?
Passeando pela internet um dia desses constatei que tinha algo em comum sim e que as raves de hoje são diversificadas e tem um espirito de rebeldia de uma sociedade caótica cansada de tanta hipocrisia social, tentando assim lutar contra a mesmice cotidiana, talvez não esteja tão ligado a cultura de transcendência mas sim a cultura eletrônica, veja logo abaixo a ligação dos dois fatos que talvez muitos acham que não tem nada a ver.

A cultura tecno berlinense nasceu com a queda do Muro de Berlim. Trilha sonora da reunificação entre o público jovem, marcou o reencontro do oeste e do leste nos porões vazios da cidade num frenesi de luzes estroboscópicas e ritmos eletrônicos. Hoje, 20 anos mais tarde, Berlim tornou-se a capital mundial da cultura club.

“O Muro caiu fazendo estrondo e esse estrondo repercutiu também na música”. Assim o pioneiro DJ berlinense Tanith descreve o papel do tecno como trilha sonora do período. Ao contrário da reunificação política, que só veio a acontecer quase um ano depois, em 1990, a reunificação popular alemã já acontecia a todo vapor nas pistas de dança das festas tecno da cidade. Jovens do Leste correram em massa aos clubes da Alemanha Ocidental e trouxeram, juntamente com os gays, a disposição para festejar que a noite berlinense assumiu e mantém até hoje.


A diferença entre os alemães ocidentais e orientais dissolveu-se numa explosão delirante de ritmos eletrônicos e luzes estroboscópicas. Ativistas do tecno oriundos de Berlim Ocidental partiram em busca de espaços no leste da cidade e inauguraram, poucos meses após a queda do Muro, os primeiros clubes de tecno em Berlim Oriental. Também o promoter Wolfram Neugebauer, conhecido como Wolle XDP, da antiga República Democrática Alemã, associou-se ao DJ Tanith, de Berlim Ocidental, numa série de festas rave chamada “Tekknozid”.

Paraíso temporário
O sucesso da cultura tecno de Berlim desde novembro de 1989 deve muito à estrutura da cidade. A ocupação de espaços ociosos e terrenos baldios possibilitou o florescimento de uma cena independente. Porões foram invadidos e transformados provisoriamente em clubes e bares. A semente da cultura de clubes de Berlim é o “UFO”, aberto em 1988, em um porão de Kreuzberg. Dele resultou o “Tresor”, em 1991. Dimitri Hegemann, operador do local, reformou a sala-cofre de aço da antiga loja de departamentos Wertheim, na Praça de Potsdam, que com seu charme industrial rústico, tornou-se o estilo padrão dos clubes de Berlim.

DJs e convivas apropriaram-se também de antigos centros culturais da República Democrática Alemã para promover festas que varavam a noite. O abandonado restaurante Ahornblatt foi reformado para dar lugar a um templo do rave com a festa Exit; “Tacheles”, o centro artístico da rua Oranienburger Straße, em Berlim Oriental, também abarcou a cena dos clubs jovens; armazéns vazios às margens do rio Spree encheram-se de noctívagos coloridos da série de eventos do Planet, famosos por sua decoração fantasiosa. Nessas áreas autônomas temporárias, a cultura tecno pode se desdobrar tranquilamente, com toda a sua ânsia de autoafirmação e excessos noturnos.

Venda esgotada e ressurreição da cena
Como toda subcultura, a cena tecno berlinense atingiu seu auge, entre 1989 e 1992, passou por fases de fragmentação, de 1992 a 1995, e por um período de comercialização, de 1995 a 2004. No início, preponderava uma postura de autoafirmação, cujo lema era “faça você mesmo”. Empreendedores e convidados se confundiam e os proprietários dos clubes mais importantes provinham da própria cena.

Pragmáticos, otimistas e autodidatas combinavam prazer, ativismo e negócio. Os clubes funcionavam como espaços de encontro informais e igualitários, abertos a todas as pessoas, sem distinção de classe social e vida pregressa. Uma vez mergulhados no público dançante, não importava se eram orientais ou ocidentais.

Por meio de megaeventos como a “Loveparade” e o “Mayday”, ocorreu, ao longo do início da década de 1990, uma mudança de paradigma, passando da produção ao consumo e da subcultura (underground) ao cenário principal (mainstream). A primeira “Loveparade” aconteceu no dia 1º de julho de 1989, com apenas 150 participantes. Dez anos mais tarde, atingiu seu ápice, com 1,5 milhões de visitantes. O tecno tornou-se cultura de massa e foi proclamado movimento jovem nacional. A venda maciça implicou uma estagnação de criatividade na cena tecno. Com a propaganda massiva em torno da “Loveparade”, o público perdeu rapidamente o interesse pela cultura techno. E a cena voltou aos porões.

A cena tecno experimentou seu maior florescimento na primeira década do novo milênio. Berlim tornou-se a capital da cultura internacional de clubs e foi ganhando a condição de Ibiza do Norte. Todos os fins de semana, milhares de turistas viajam para Berlim em busca de festas. Da cena tecno emergiu uma cultura pop internacional, primeiro fenômeno dessa natureza a surgir na Alemanha. Sua história de sucesso começou em novembro de 1989. A eufórica unificação dos jovens das Alemanhas Oriental e Ocidental nas primeiras festas tecno, após a Queda do Muro, lançou as bases da atual cultura de clubs berlinense e da fama que alcançou como evento cosmopolita e igualitário.

Post original retirado do seguinte link: http://www.alemanja.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1305:capital-mundial-berlim-e-o-tecno-apos-a-queda-do-muro-&catid=89:vida-noturna&Itemid=101