Vagando pela internet hoje li um artigo muito bacana sobre a primeira rave(quando a palavra ainda não era mal vista) no Brasil em 1993 no site http://oesquema.com.br publicado pelo jornalista e DJ Camilo Rocha, veja a matéria abaixo:

Na coletiva antes do festa, lembro que um jornalista perguntou a Moby “por que música eletrônica é tudo igual?”. Moby: “Para quem não conhece pode ser. Assim como para quem não conhece o japonês, o chinês, o coreano, são todos iguais’”.

Em maio de 1993, música eletrônica no Brasil era ainda a) “som de viado”; b) “dance” da Jovem Pan. E era “tudo igual”. Ouvidos antenados sabiam que havia muito mais. Da Europa, chegavam notícias de uma vibrante cultura underground, de festas doidas chamadas “raves”, com milhares de pessoas de todos os credos, cores e opções e onde tocava música eletrônica que passava longe do rádio.

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Galpão na alameda Eduardo Prado, Barra Funda, onde aconteceu a primeira L&M Rave

A L&M Rave apareceu como uma nave errante vinda de uma civilização mais avançada. Rolaram festas em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. Tudo bem que era patrocinada por uma marca de cigarro, era no meio da cidade e não existia ecstasy no Brasil. O fato de que iria acontecer na cidade uma festa com Moby e Altern 8, então nomes fortíssimos, mais Mark Kamins, nova-iorquino que ajudou a deslanchar Madonna, Soul Slinger, da influente loja Liquid Sky, e Mau Mau, residente do Sra. Krawitz e já um favorito do underground, era motivo de muito euforia entre as células de fãs espalhadas pela cidade.

No dia da festa, muitas dessas células se encontraram pela primeira vez. Eu mesmo me surpreendi ao ver moleques da Zona Leste usando máscaras do Altern 8 (depois eu saberia que eram discípulos de Marky e Julião dos primeiros anos da Sound Factory). A festa bombou, a mídia repercutiu, uma fértil semente foi plantada.

Vinte anos depois da L&M Rave:

– Mark Archer, do Altern 8, vem direto ao Brasil e virou brother do DJ Julião.
– Moby é milionário e faz rock depressivo.
– Mark Kamins faleceu fevereiro passado.
– Mau Mau é um herói nacional da discotecagem.
– Muitos jornalistas de música ainda não entenderam a diferença entre techno e house.
– A música eletrônica é popular, respeitada e reconhecida. A que toca no rádio é bem pior do que em 1993.

Matéria completa neste link.