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Como prometido no post anterior, segue a segunda parte do texto, leiam o texto completo e reflitam sobre o que realmente é o psychedelic trance, as raves e suas essências.

Eu poderia começar respondendo que na Europa, a música eletrônica e as raves estão muito ligados com movimentos culturais, ecológicos, anti-consumismo e direitos civis. E que na Inglaterra, devido as leis anti-rave que o governo passou, o ato de ir numa rave ganhou conotação política instantânea. Tudo isso está certo, mas o buraco aqui é mais embaixo. Dizem que milhares de pessoas dançando música eletrônica num sítio é mais um sintoma de juventude despolitizada e desinteressada. Quanto ao politizado, é uma questão de conceito.

Existe uma visão tradicional que acha que para ser político, qualquer coisa tem que envolver manifesto escrito, panfletos, discurso e gente num palanque falando, isto é , veículos de idéias convencionais. Eu acho que o fato de a rave promover idéias(sem falatórios, simplesmente deixando a coisa rolar assim) como a tolerância e aceitação mútua entre diferentes classes, idades, raças, opções sexuais e estilos de vestir já é mais forte do que qualquer discurso. Machismo, homofobia, racismo, preconceitos em geral são mal vistos.

Em qual outra cena isto é tão evidente? Eu desconheço. Depois, a rave em como uma de suas características mais marcantes a não-violência, o pacifismo e a ausência de tensão e agressividade. Em algumas tribos ou cenas é bacana usar jaqueta de couro. Nas raves é bacana dançar em vez de brigar. Essa idéia e esse sentimento que se passa entre as pessoas é mais eficaz que mil panfletos. Há inúmeros exemplos : o cara brigão que virou uma pessoa normal e serena; os moleques héteros que dançam ao lado de gays sem o menor incômodo ; (…)

; o garoto travadão que agora fica com a camisa empapada de suor de tanto dançar ; a menina da periferia que ficou com o cara dos Jardins ; o cara que trabalhava na bolsa de valores e que largou tudo para se dedicar a fazer o que gosta, pintar.

Todo mundo que entra nessa pra valer está na verdade mandando um DANE-SE bem grande para a sociedade normal, do trabalho ingrato, da carreira profissional acima de tudo. Não que todo mundo saiu largando seus empregos ou escola. Mas, sim. que agora sabem que esses não são mais os modelos obrigatórios de felicidade, que tudo que dizem por aí não é necessariamente verdade.

Essas pessoas libertaram suas mentes e serão diferentes para o resto da vida. E, com certeza, enriqueceram seu gosto musical!!!